Era um quintal enorme. Havia abacateiro, pereiras, pé de
café, amoreira. O terreno era em declive.
Em determinados momentos, fazia desse espaço uma pista de
bicicross. Uma pedra no caminho se tornava numa rampa a ser subida, em outros, em
uma plataforma de salto.
Havia ocasiões, em que a pista debaixo da sombra da
amoreira, era por onde corria minha linha de trem, já inúmeras vezes montada e
desmontada, pois, a cada formato, passava por lugares distintos: um deserto, no
meio da mata, entre índios como um filme de bang-bang.
As árvores, deixavam de ser o que eram. Algumas se transformavam em gáveas de um
navio pirata, outras, faziam parte da selva, onde Tarzan batalhava com os gorilas
e salvava a Jane.
Uma forquilha era ótima para colocar meu pacote de gibis,
sentar em cima, lê-los ou relê-los, observando o mundo a minha volta. A vista chegava
ao infinito, para meus olhos, apesar dos telhados e casas no caminho.
Cada dia, naquele espaço, era uma nova aventura. Quando
havia muitas folhas pelo chão, arrastava os pés em seu meio, pois, como
desbravador tinha que tomar cuidado com as cobras, do meu imaginário.
Ou seja, a cada novo olhar, a cada estado de espírito, aquele
terreno se transformava. A cada sol, a cada nuvem, a cada chuva encontrava
situações que me desafiavam. Era uma batalha constante.
Quando minha mãe me chamava para o almoço, todos aqueles
heróis desapareciam. Notava isso, pelo olhar dela de reprimenda à minha sujeira
ou aos novos arranhões e feridas adquiridos nas aventuras.
eram

Inocência de criança... nossa imaginação nos leva a tantos lugares e situação e nós remete a realidade ao passar dos anos
ResponderExcluirEssas histórias povoam nossa mente para sempre. Muito importante não deixar morrer a criança que existe dentro de nós, ela alimenta nossa alma. Abraços
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