“Sinto a batucada se aproximar
Estou ensaiado para te tocar
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu coratamborim
Cuíca gemeu
Será que era eu
Quando ela passou por mim… “
(Carnavalia – Marisa Monte)
Estou ensaiado para te tocar
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu coratamborim
Cuíca gemeu
Será que era eu
Quando ela passou por mim… “
(Carnavalia – Marisa Monte)
O Bloco Filho da Mamãiss desce a Girassol, embalado pela bateria do Mestre Dudu, arrastando uma multidão. Sua concentração foi na Fradique com a Aspicuelta, coração da Vila Madalena. Muita cerveja e muito samba no pé, antes da partida.
Vila Madalena cidadela da boemia em São Paulo. Um bar ou um restaurante em cada esquina. Um lugar diferente para ir a cada dia, nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano, dos mais rampeiros aos mais chiques. Seja japonês, mexicano, marroquino, italiano ou francês. Buteco, bistrôt, pizzaria, restaurante ou lanchonete. Tem para todos os gostos e níveis.
Estou embalado do dia anterior, quando na quadra da Pérola Negra, na batida do samba, deixei o coração rolar na música e mais tarde nos braços da maravilhosa Esmeralda, destaque da Escola.
Na esquina da Wisard meu coração dá uma descompassada em relação a música. É uma linda Colombina. Tem um olhar e um sorriso maravilhosos, seu rosto é a imagem que mora em meus sonhos.
Vou me aproximando no ritmo da música. É uma morena encantadora, cabelos curtos e olhos castanhos. Tem um jeito gostoso de dançar, de tirar os cabelos dos olhos, de rir.
Danço, me aproximo, repico meu tamborim, canto.
Cantamos, dançamos, damos as mãos, formamos um cordão, puxamos o pessoal, rimos e nos olhamos. De repente, estamos juntos.
Entrelaço minha mão em sua cintura, afasto o cabelo dos seus olhos, rimos, descansa sua cabeça no meu ombro, dançamos e cantamos.
Está com amigas. Apresento meus camaradas.
Elas são de fora e estudam em São Paulo e nunca tinham vindo ao carnaval da Vila.
Resolvemos dar um break. Vamos até o Empanadas. Elas querem conhecer.
Depois de várias cervejas estupidamente geladas e as mais diversas empanadas - de carne, escarola - e de muita animação, venho a saber que seu nome é Cléo. Sua família é de Araraquara. Mora nas Perdizes, junto com as amigas, dividindo um apartamento. Estuda moda na Faculdade Santa Marcelina.
- Como é o teu nome e o que você faz?
- Meu nome é Pierrot.
- Não brinca – me diz com um olhar irônico, dando um toque em meu peito e um sorriso de desarmar.
- Meu nome é Daniel. Sou do Paraná. Vim para São Paulo estudar arquitetura na USP e como a Vila Madalena fica perto, moro por aqui.
Pergunta se gosto do bairro. Ouviu sobre os diversos ateliês de artistas plásticos que há por aqui, pois se interessa por arte.
- Legal que você gosta de arte, eu sou pintor. Quero que você um dia veja meus quadros. Inclusive eu exponho na Benedito Calixto. Conhece a Praça Benedito Calixto?
- Sim, já estive algumas vezes visitando a feira. Ouvindo o grupo de chorinho e comendo no Consulado Mineiro. Nunca te vi por lá.
- A próxima vez, garanto que você vai me encontrar. Veja o bloco está passando. Vamos pessoal.
De mãos dadas seguimos a multidão. Eu me sinto nas nuvens, adoro o toque da sua mão, a forma como ri, como me olha. Gosto de enlaçar a sua cintura.
As músicas correm soltas: “Mamãe eu quero, a cabeleira do zezé, me dá um dinheiro aí, pierrot apaixonado, meu coração é corintiano, palhaços no salão, bandeira branca, deserto do Saara, touradas em Madrid ....”
Está sendo uma noite de alegria e cerveja. Culmina com um beijo e a promessa de nos encontrarmos no dia seguinte, na saída do bloco Trupica Mas Não Cai.
Vou para casa, descendo a Harmonia. Moro em um pequeno apartamento na Medeiros Albuquerque.
- Caracas Daniel! Cê saiu bem com a morena. Tá na cara que a gata gostou de você – disse um dos meus amigos.
Chegando ao apartamento – uma cozinha pequena, um banheiro, um quarto e sala no mesmo ambiente – onde tenho minhas telas agrupadas em um canto e minha cama no outro, jogo-me sob as cobertas. Ouvindo entrar pela janela o burburinho do pessoal terminando a noitada, relembro o agradável encontro. Com sua imagem em minha cabeça acabo dormindo.
No dia seguinte, domingo de carnaval, levanto ao meio dia, com a lembrança dela. Ouço pela janela, por cima dos telhados, a música correndo solta. Deve ser o cordão Confraria do Pasmado ou do Kolombolo.
Desço, a rua está cheia. Vou até o Jacaré encontrar o pessoal. No Jacaré costuma-se dizer que, se fosse pela comida e não pelo ambiente, você não saía da casa da sua mãe e não precisava ir por lá. A carne mais recomendada da casa é no ponto, durinha, malhada e com marquinha de biquíni.
Passamos a tarde conversando.
No meio da tarde o celular toca. É ela.
- Vamos pessoal as minas chegaram.
- Vambora, é nóis na fita.
Quando nos encontramos o seu rosto é só alegria. O meu não deve estar diferente, pois, me pergunta:
- Qual é? Você está com uma cara de felicidade.
Abraços, beijos, risos, comentários e vamos todos atrás do bloco.
De mãos dadas pulamos, cantamos, rimos e inúmeras vezes nos beijamos.
Lá pelas tantas, extenuados, vamos ao Pira Burguer terminar a noite com sanduíches e cerveja.
- Amanhã é segunda. Você me disse que gostaria de visitar os ateliês do bairro. Sabe que tem mais de sessenta? Alguns são meus brothers. Quer dar um rolê?
Concorda. Despedimo-nos com um beijo e carinhos.
No dia seguinte, nos encontramos cedo e a levo para conhecer o ateliê da Norma Grinberg com suas esculturas e cerâmicas, a Simone Grecco e as esculturas de parede em arame e pedra. Vamos ao Cerâmica e Cia., onde lhe apresento a Rita Forshaid e suas obras. O Preta Pretinha com sua variedade de bonecos e o trabalho de inclusão social.
Fica louca no Panacéia, onde se misturam tecidos e texturas, gerando criações únicas. O ateliê Purpurina com seus diversos pintores contemporâneos. Vamos ao da Ladeira na Girassol, onde aprecia exposição de fotos de artistas contemporâneos paulistas.
Tenho que levá-la na Livraria da Vila. De tanto ouvir falar, quer conhecê-la. No meio da manhã, paramos para um café e um croissant no Deli Paris, um pedaço da França na Vila.
Tenho que levá-la na Livraria da Vila. De tanto ouvir falar, quer conhecê-la. No meio da manhã, paramos para um café e um croissant no Deli Paris, um pedaço da França na Vila.
Fica admirada com a quantidade de lojas de roupas e sapatos descolado, dispersas pela Vila. Ao final, fica extremamente empolgada e encantada com os grafites do Beco do Batman e do Aprendiz, que se tornaram conhecidos por todo o Brasil. Adora saber que, na Praça e no Beco do Aprendiz, ocorrem com freqüência saraus com apresentação de músicas e poesias de artistas da região. Levo-a no Sergio Fabris que trabalha com pinturas em acrílica sobre tela. Fica na mesma rua do meu apartamento, mas, não tenho coragem de convidá-la a irmos até lá.

Pelo meio da tarde, subimos a Purpurina e vamos até o Bar do Sacha para almoçarmos. É um dos points da Vila. Conseguimos uma mesa na calçada.
Salada, uma costela no bafo, mandioca puxada na manteiga, caipirinhas e cervejas. Afagos, beijos, sussurros e passamos um bom tempo como dois namorados:
- Não quer conhecer as minhas pinturas, no meu apartamento?
Com um sorriso malicioso, diz que sim.
Fica encantada com o apê, que apresenta uma bagunça organizada. Está cheio de quadros meus e decorações e artesanatos feitos por amigos.
- Seus quadros são lindos. Têm um brilho especial. Adoro a vivacidade das cores. Sabe que você daria um bom designer de estampas para tecidos? Gosto dos teus traços, dá prá sentir vida neles.- diz observando detalhadamente minhas pinturas.
Passa em frente ao receiver, busca anuência em meus olhos e dá um play. O quarto se enche de Roberta Sá e Grupo Pau Brasil.
Dança e sorri. Sorri e dança. Eu sorrio e danço. Eu a abraço. Ela me abraça. Um beijo. Beijos e abraços. Botões, cintos, roupas, cama, carinhos, olhar, desejos.
Sexo, muito sexo. Descobrir dos corpos. Carinho, muito carinho. Sexo, gozo.
Deitado ao seu lado, observo seu doce dormir. Os cabelos sedosos, a textura da pele, as entrâncias e reentrâncias do seu corpo.
Enquanto dorme, levanto. Monto o cavalete com a tela e começo a pintá-la.
Seu rosto, os contornos do corpo, a deliciosa curvatura dos seios. Pintando me delicio em colocar a imagem estendida em minha cama no quadro para guardá-la para sempre.
Acorda em um doce espreguiçar.
- O que é isso? - pergunta, levantando-se e vindo olhar a tela.
- Estou te pintando.
- Gostei.
Beijando diz:
- Vamos tomar um banho e almoçar?
Debaixo do chuveiro, além da água correndo pelo corpo, correu o desejo. Entre ensaboar e esfregar novos prazeres encontramos.
Vamos ao Genial, na Girassol. Está lotado, mas encontro o Beto com a namorada que dividem a mesa conosco. Cléo adora as caricaturas de gente famosa penduradas na parede de entrada, as fotos no restante do ambiente e as homenagens a Adoniram Barbosa.
Comemos os deliciosos bolinhos de arroz e o arroz de polvo, atendidos pelo Ailton, um dos garçons mais simpático da Vila, que não deixou faltar chopp na mesa.
Com o Beto e a namorada relembramos os diversos bares e restaurantes da Vila: O Canto da Vila, lugar maneiro para namorar e o seu famoso escondidinho invertido. O Posto 6, o São Bento, Juarez, o Salve Jorge. Pira Grill com suas carnes. O Pé de Manga para se comer ao ar livre.
- Cléo, você gosta de dançar?
- Adoro.
A conversa corre sobre o Conexion Caribe, o Grazie a Dio e o bar Samba, onde a música é à base de pandeiro, cavaquinho e cuíca.
A conversa é fantástica. Tudo que eu gosto é do seu agrado. As músicas, os livros, os filmes, a arte à nossa volta. Eu me perco em seus olhos e me embriago com seu sorriso.
Apesar do bloco dos Maracaduras estar passando pela rua, vamos para o apartamento. Mergulhados no amor, ouvindo as marchinhas entrarem pela janela juntas com o sol, passamos a tarde nos amando.
À noite, mesmo sendo terça de carnaval, vamos ao Piratininga e em um canto, na penumbra, escutando MPB e jazz em um piano, uma flauta ou sax e um baixo, fazemos juras de amor. Sonhamos com o amanhã.

De madrugada, peço ao Gervásio que nos leve no Fordinho 1929, que está sempre em frente da casa, para atender aos clientes mais inebriados na bebida.
Noto, no caminho, que há algo pesado entre nós. Há nela um silêncio estranho. No apê, quando deitamos pergunto:
- O que você quer me dizer e não tem coragem?
- Daniel, sinto que estou te amando. Amanhã não sei o que será, mas hoje sei que quero viver minha vida contigo.
Conta que tem um namorado, praticamente noivo, em sua cidade. Sua avó e suas tias querem que ela se case com ele, é de uma família importante da cidade.
- E teus pais? – pergunto.
- Eles querem o que me faça feliz. Eu acreditava que essa situação era o melhor. Agora, depois de um ano em São Paulo, depois de te conhecer, sinto que não. Eu quero curtir um pedaço dessa boemia, da arte, da música. Adoro minha faculdade. Sinto que faltava esse contato com a vida. Eu precisava de alguém que me complementasse e sinto que esse alguém é você.
- O que você quer fazer?
- Este final de semana vou até em casa, falo com meus pais, meu namorado e desfaço essa relação. Volto e quero viver feliz contigo, até quando der.
Encerramos nossa conversa entre beijos, abraços e muito querer. Enquanto ela dorme, aproveito para dar andamento em seu quadro.
Na quarta feira de cinzas, depois de um delicioso café da manhã na Villa Grano, passamos uma boa parte da manhã traçando planos. Próximo do almoço eu a levo até onde mora. Despedimo-nos, combinando nos falar no começo da outra semana, após seu retorno da viagem. A semana passa leve, feliz. Pinto novos quadros e trabalho um pouco no dela.
Houve duas tentativas de compra do quadro inacabado que apesar de não estar completo, apresenta em seu semblante uma expressão intrigante, um delinear de corpo suave, agradável, fora as cores que contornam a figura central e que refletem uma aura especial.
À noite, desmonto o stand e junto com o Elias que expõem o seu artesanato, também na Benedito, e que os mantém guardados em minha casa, pois mora longe, na Zona Leste, vamos até o Astor, comemorar minhas vendas do dia e a alegria que me vai por dentro.
- No Astor, mano? É caro, não tenho grana.
- Na moral, é meu convidado.
Nos Astor, ele pede um cabrito com risoto de açafrão, enquanto eu vou de steack tartar, o meu prato predileto, e muito chopp.
- Mano, a tal mina está te fazendo bem. Tua cara é outra.
Conto dos nossos planos. Ela desfazendo o seu noivado, retornando para concluir seu curso. Eu voltando para a faculdade de arquitetura e arrumando um tempo para pintar. Passar juntos os finais de semanas. Curtir a Vila, a arte, a música, os amigos. Curtir a vida, lado a lado.
No dia seguinte, domingo, encontro os amigos, leio, pinto, trabalho um pouco no quadro de Cléo e angustiado espero o início da semana.
Passa a segunda feira, a terça, a quarta e nenhuma notícia. Ligo no celular e não atende. Vou até o seu apartamento. As meninas informam que não voltou e não deu notícias, mas como as aulas começam na próxima semana ela deve estar voltando. Anotam meu telefone para me darem notícias, no caso de algo ter acontecido. Anoto o delas.
No sábado, vou para a Benedito Calixto com a esperança que ela apareça durante o dia. Novamente, algumas pessoas se interessam pela compra do quadro inacabado:
- Não está à venda. Não adianta insistir, não é uma questão de preço.
Tenho sorte, vendo dois quadros pequenos.
Penso que ela deverá estar voltando até o dia seguinte, pois, segunda começam as aulas. Deixo seu quadro de lado. Sinto-me triste e ansioso.
Nada no domingo, nem na segunda. À noite vou até o seu apartamento.
- Ela não veio e não deu notícias. É estranho. Suas coisas estão aí. Já ligamos no celular e não atende e não temos nenhum contato dela no interior, nem endereço.
O que será que houve? Terão seus pais e familiares proibido seu retorno e exigido que se case com o namorado? Terá havido algum problema? Será que concluiu que era um sonho de carnaval e não tem coragem de me encarar? Não, não creio. Ela voltaria nem que fosse por sua faculdade, que gosta muito.
Ligo constantemente para as meninas. Dias e semanas se passam sem nenhuma novidade. As meninas, depois de dois meses, desocupam seu quarto, precisam alugar para dividir as despesas.
Minha dor e tristeza são grandes. Não recomeço a faculdade como havia combinado com Cléo. Sinto-me desanimado e sem alegria com a vida. Meus quadros perdem a luz. Não trabalho mais no quadro inacabado, apesar de levá-lo todo o final de semana para a feira.
As pessoas continuam interessadas em comprá-lo. Não há um final de semana que não tenha uma ou mais propostas. Não o vendo. Representa um sonho que por razões da vida se foi.
Levo um tempo para me reerguer. Meus pais vêm à São Paulo quando sabem que eu não estou cursando a faculdade.
Para recebê-los e impressionar, levo-os ao restaurante Santa Gula, apesar de estar duro. Adoram o ambiente descontraído, a decoração bem brasileira e a comida. Meu pai, como antigo amante de motos, fica encantado com as motos que estão no Bar do Santa, que fica ao lado do restaurante. Harley Davidson, BMW e outras mais, modernas e antigas. Tenho que prometer que retornarei para a faculdade no próximo semestre.
Minha vida se modifica acrescida da faculdade e de um menor tempo para pintar. Meu coração vai se cicatrizando, o que ocorre aos poucos, pois a falta é grande. Não há dia que não me lembre dela. Busco novos amores, tento curtir os amigos, os bares, a música e a pintura.
Vem o carnaval e saio na busca de uma nova colombina. Não tenho sucesso nas minhas tentativas. Quem sabe pela força da imagem da colombina que perdi.
Passado um ano e meio do carnaval em que conheci Cléo, como todo final de semana, estou na Benedito expondo e vendendo meus quadros, quando um casal para e os aprecia. Demonstram um grande interesse por eles, principalmente, pela nova fase, em que novamente volto a trabalhar com cores vivas.
Como sempre levo o quadro inacabado, e como sempre ocorre com os que o vêem, os dois param à sua frente e ficam extasiados, mudos. Olham para o quadro com grande interesse.
- Lá vem mais um querendo comprar - penso.
- Quanto custa?
- Não está a venda.
- Eu sei que não está acabado, mas eu compro assim mesmo.
Irritado levanto do meu banco e grosseiramente respondo:
- Qual é? Já disse que não está à venda. Não entendeu? – Olho para o chão impressionado com a agressividade da minha resposta.
- Meu caro, eu moro no interior e tinha uma filha que estudava aqui em São Paulo. Uma graça de menina, linda, doce e inteligente. Depois do carnaval do ano passado, veio nos visitar, desfez um namoro que tinha há anos e que estava fadado a terminar em casamento o que lhe trouxe um grande alívio.
Estava feliz com a faculdade que cursava e com sua vida que iria mudar. Encontrara uma pessoa que lhe completava. Confiávamos muito nela. Sua felicidade era tudo o que queríamos. Só que quando voltava para São Paulo seu ônibus sofreu um acidente e ela morreu.
- Moço, este quadro – me diz a mulher – apesar de não estar completo é o retrato da nossa filha. Não só do físico mas do seu espírito, que se reflete na expressão do rosto. Portanto, não importa o preço, por mais absurdo que ele seja. Nós queremos comprar. Diga, quanto você quer?
Não consigo responder, pois, tenho que sentar em meu banco e com o rosto entre as mãos, começo a chorar.