10/25/23

REDUTO DO PRAZER

 


Celso, para de beijar Dalva, sua esposa, e diz:

- Assim não dá mais!

Já eram dez da noite, haviam colocado os garotos na cama, foram para o quarto e fecharam a porta. Era o momento só deles, tão esperado durante o dia. À luz do abajur, principiaram os beijos, ele adorava seus lábios, levemente carnudos e úmidos e ela gostava do roçar do bigode. Suas mãos foram correndo pelo corpo de Dalva, enquanto os beijos se estendiam pelo pescoço, orelha e desciam aos seios. Os dois estavam na plenitude do desejo.

Nesse momento, Sandro, seu filho de 5 anos, começa a chamar do quarto, querendo que o pai ou a mãe vá até lá. Seus gritos acordam Waltinho, o irmão de 3 anos, que assustando começa a chorar. O clima se desfaz, Celso vai até o quarto dos meninos e se vê obrigado a acalmá-los e permanecer um tempo com os dois, até que retomem o sono.

Dalva, tivera um dia extenuante, cuidando dos meninos, que possuíam uma vitalidade impressionante. Só, quando eles vão à escola, à tarde, tem um momento para cuidar da casa, das roupas, supermercado e de si. Os pais, dela e dele, vivem em outro estado, não pode contar com eles. A faxineira, vai duas vezes por semana, não tem como olhá-los, é muita bagunça para arrumar, apesar dela ajudar. Vários dos momentos, que tentaram ter só para os dois, não ocorreram, ou pelos meninos, ou pelo cansaço deles, físico e muitas vezes mental. Com esses pensamentos na cabeça, vira de lado e levada pelo cansaço, acaba dormindo.

Celso, quando retorna ao quarto, encontra Dalva prostrada, a cobre e a beija no rosto e pensa:

- Preciso encontrar uma forma de fazer sexo fora de casa. Não aguento mais. Há um ano, nosso relacionamento tem sido assim. Dalva vive tensa, extenuada. Os meninos não param. Preciso ter sexo, se não vou endoidar.

Com essa ideia na cabeça, conversa com Ariosvaldo, seu colega de empresa, que por várias vezes, havia oferecido um pequeno apartamento, que chama de reduto do prazer, utilizado para seus encontros amorosos. Gosta da ideia, pois, não se sente muito à vontade de ir a um motel. Ariosvaldo há tempo tem desejo de alugar para fazer dinheiro.

Resolveu, conhecer o imóvel, que por sinal, fica bem localizado, não estando longe do trabalho. A rua é extremamente calma, sombreada por antigas árvores, sem trânsito e possui, próxima, na esquina, um estacionamento. É um prédio antigo e familiar com cinco andares.

O apartamento possui uma sala, quarto, cozinha, uma pequena lavanderia, banheiro, aliás por ser antigo, com banheira. Aconchegante, possuindo um mobiliário sóbrio. A cama é larga, um pequeno aparelho de som, próximo, e na sala um confortável sofá e TV. Roupas de cama e toalhas, pois, uma mulher a cada quinze dias passa por lá e deixa tudo em ordem. Na cozinha, uma geladeira, um pequeno fogão e micro-ondas.

Ariosvaldo lhe deu duas chaves, uma para ele e a outra a ser entregue a outra pessoa, se necessário. Perfeito! Não poderia ser mais adequado e seguro para usufruir do sexo fora de casa, pensou. Será, também, seu reduto do prazer.

Engrenou o primeiro encontro. Tratou de ter na geladeira água, vinho, champanhe, queijo e outros petiscos. Imaginou a maravilha de estarem na banheira saboreando os corpos, as bebidas e os petiscos.

Ficou acertado uma terça-feira às 14,30 h. Tempo de almoçar cedo, liberar-se do trabalho do dia, e sair para uma possível visita a cliente, não chamando a atenção, e estar livre até as 17,00 h. Ficou com uma chave e cedeu a outra.

No dia, abriu a porta, o apartamento estava na penumbra, com as persianas abaixadas, deixando entrar uma réstia de luz pelas frestas, com um pequeno aroma de perfume no ar e uma música romântica no aparelho do quarto, em um leve sussurrar. Ventiladores silenciosos refrescavam o ambiente.

Lá estava ela na cama. Vestia um leve pijama, que permitia a visão lateral dos seios e a marcante presença dos mamilos. O pequeno calção possuía uma razoável abertura lateral, no mesmo tecido, sem nada por baixo, transparecendo o aveludado do púbis.

Ela se levantou com uma taça de vinho branco gelado na mão. Bebeu um pequeno gole e transferiu o líquido para sua boca, num beijo quente e refrescante. Lentamente foi retirando sua roupa. A camisa jogou no chão, enquanto corria seus lábios pelo pescoço, mamilos, retendo-os em um pequenos tufo de cabelos do peito. Desabotoou a calça, que escorreu pelas pernas, o fez sentar na cama, tirou os sapatos e as meias, sentou em seu colo sentido o desejo ressaltado por debaixo da cueca. Deitaram na cama e usufruíram de seus corpos, através dos toques, dos beijos, da língua e do suave saborear.

Passaram a se encontrar todas as terças e quintas-feiras. Era um esperar ansioso. O reduto do prazer, que possuía um ambiente calmo, transformava-se, às vezes, em agitado, em outras, em lento usufruir do sexo, onde prazeres novos eram descobertos. O depois, se estendia em descontraídas e agradáveis conversas, entre bebidinhas e comidinhas, até o momento em que os desejos retornavam, na ânsia de serem usufruídos, antes do tempo do encontro se esgotar.

Nunca tivera momentos como aqueles. Pensou em voz alta:

- Encontrar um lugar e um tempo, para amar, conversar, curtir e fazer sexo descontraído, fora de casa, foi uma ideia maravilhosa, não te parece?

- A melhor que tivemos – responde Dalva – não esquece que hoje é a quinta que os garotos sairão mais tarde. Você os busca na escola? Vou preparar uma janta deliciosa para nós.


aomoad

10/10/23

ENGANAR-SE



Na ponta dos dedos, na tela, encontro pessoas.

Como serão?

Mostram, na sua maioria, sorrisos e alegrias. 

Parecem frutos de uma vida realizada, e de um momento presente de tranquilidade.

Gostaria de ter visão de super-homem, para ver seus interiores.

Destrinchar os corações, adentrar no sangue que corre em seus corpos, sentir o buraco formando na boca do estômago nos momentos de tensão, os pensamentos que flutuam, abrir os escaninhos da mente.

Podem ser como vulcões, mostrando serenidade exterior, mas, no interior, forte ebulição a explodir em chamas e lavas, a qualquer momento.

Que sorte não ser um super-homem. 

Prefiro os sorrisos, as alegrias, mesmo que falsos, alegram a mente.

Adoro, só me mandam o que gosto!




momoad