Vamos escutar o vento que
corre pelos beirais.
Que balança as roupas nos varais e faz a cana se curvar em ondas de verde mar.
Vento que vem de longe, correndo entre becos, ruas e campos, trazendo liberdade
no seu correr, junto com a agonia dos aprisionados.
Que despetala as flores e desnuda as árvores e aos pássaros possibilita seu voar.
Vem com o suor que refrescou e cheiroso dos perfumes que roubou pelo
caminho.
Vento que esvoaça os cabelos e revolteia as saias, mostrando o que não deve.
Vamos escutar as palavras que traz, de tristeza, envoltas em risos soltos,
dos momentos felizes da vida.
Que carrega o choro da mãe no momento do filho que se vai e a alegria do
retorno, do dado como perdido.
Vento que corre entre os caídos da vida e os fortes formados em pedras ou em
areia.
É o mesmo que acolhe os gemidos dos amores havidos entre os coqueirais e os
lamentos de dor no sexo vendido nas necessidades da vida.
Vento que revolve o pó do caminhante, transformando a estrada em um novo caminhar.
Que ondeia a água alterando o traço do ir e vir em nova rota.
Traz o distante para casa, no
seu navegar, e para longe o que busca novas farturas e vida.
Vento que faz correr as nuvens transformando o sol em chuva.
Vento que cantarola quando em
brisa e grita quando em fúria.
Vento que balança o berço e põe a correr o pó da lápide.
Vento molhado do mar, das montanhas ou seco do árido sertão.
Vento que ouviu palavras de esperança, promessas de amor e o choro triste da
dissolução.
Vento que é muitos em um só.
mmaam

Muito lindo e verdadeiro. Parabéns
ResponderExcluirMario parabéns por este dom de criar palavras em sensações e paisagem. Muito lindo. Sil
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