Cadeira
do dentista.
Querendo
me transmitir ânimo, me fala do sol que adentra a sala e refulge no maldito
motor, que logo, estará escavando as entranhas do meu dente.
Lá
vem a seringa com sua agulha longa.
-
Você só vai sentir uma picadinha.
Dito
e feito, mas, que picadinha!
A
seguir, um gosto amargo no fundo da garganta.
Logo
um tremor percorre meu corpo.
Será
o motor? Não, pois não o sinto, graças a anestesia.
Noto
que é meu estomago, como que sinalizando o mal estar do momento.
Entre
intervalos me fala de política, para o qual mal posso discordar ou não, por ter
a boca cheia de algodões.
Que
vontade de tossir.
-
Fica assim, não se mexe – diz ele.
E
a tosse o que faço?
A
boca se enche de saliva. Penso:
-
Põe logo essa droga do sugador!
A
vontade de tossir não se foi.
-
Agora mais do que nunca fica quieto, pois, já esterilizei tudo.
Não
aguento, tusso.
Vejo
sua cara de contrariedade.
-
Vou ter que esterilizar novamente a região.
Mais
um tempo de angustia.
-
Pronto. Pode ficar à vontade.
Desço
da cadeira como se descesse de um cadafalso.
Aoiam

É exatamente isso. O monólogo que só o dentista participa, as vezes chato sem que possamos expressar coisa alguma
ResponderExcluirGosto da forma como você retrata as suas angústias , e que são exatamente as nossas! Só faltou dizer que quase arrancamos os braços das cadeiras. Tamanha tensão! Rstsr
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