A casa
estava vazia, obscurecida pela dor.
O barulho é
o que vem da rua. Se não fosse ele, a sensação é que tudo estava silencioso,
morto.
-
Pedro, cuidado não vá cair da bicicleta! – grita minha vizinha.
Vejo
a imagem passando pela janela e atrás a mãe correndo.
Abro
a porta do armário e seu ranger me lembra suas palavras:
-
Bem, quando vai colocar um pouco de óleo nelas?
Ela
pega dois vestidos e me pergunta:
-
Você gosta do vestido branco ou amarelo?
Não
consigo me lembrar deles, mas, me lembro de nós dois dançando. Ela estava linda
em seu vestido.
-
Pai, pai – é meu filho puxando minha blusa.
-
Não vamos no parque?
Sento
na cama vazia e me pergunto que idade ele tem?
Seu rosto tem 7 anos, não, tem 9 anos, não. Sei lá,
não lembro. Só lembro o riso dos três, quando ele desembesta com a bicicleta no
parque.
- Pedro, já te falei, devagar!
No parque não foi o que eu disse ao meu filho,
pelo contrário:
-
Corre mais!
-
Bem, manda ele ir devagar! - exclama minha mulher.
No
silêncio do quarto, de repente me espanto, pois, não lembro claramente seu tom
de voz na ocasião.
Abro
a janela e uma faixa de sol, polvilhada de partículas de pó, adentra ao
ambiente,
- Veja que lindo o reflexo do sol na penteadeira! – diz minha mulher.
Ela
passa a escova nos cabelos loiros ou terá sido quando estavam negros e
cacheados, após a quimioterapia?
-Você
ficou diferente, mas bonita.
Seu
sorriso, não lembro, se foi triste ou esperançoso.
Seus
turbantes e os cabelos ralos quando surgiram eram encantadores.
-
Pedro, abre o portão que vou sair com o carro?
Olho
pela janela, para observar, e vejo as flores da trepadeira do muro que nos
separam. Estão lindas.
- Lindas,
estas rosas. – diz minha mulher.
Uma
dúzia, quando fizemos um ano de casados. Uma para cada mês.
Coloca
num dos vasos da sala, que ficou esquecido em um dos cantos, guardando
respingos de lembrança.
Sua
barriga de grávida me vem à memória usando uma bata, que me parece era quadriculada.
-
Mãe, eu gosto de pudim de baunilha – diz o meu filho com um sorriso esburacado,
pela falta dos dentes da frente.
-
Eu sei, é o teu preferido – responde.
No
vizinho o garoto grita:
-
Mãe, me leva.
-
Não, Pedro, vou ao cabelereiro.
Ouço
carros arrancarem.
- Pai,
todos já se foram, vem comigo – diz o meu filho.
Fecho
a janela e os quartos. Cada cômodo tem um silêncio próprio.
A
alma da casa saia por todas as frestas e as lembranças correm para se
esconderem nos cantos, nos móveis, nas roupas, nas fotos.
O
assoalho range. Será o recordar do andar da minha mulher ou o correr do meu
filho ou será minha vida, pisando suavemente, para não revolver momentos?
Pela
janela do carro, recordo ela se despedindo:
-
Bem volta logo.
É
o que sempre dizia, quando eu saía, linda com seus vestidos coloridos.
aiam
Que lindo!!!! Mix de sentimentos de saudades e uma pontinha de solidão! O tempo voou e sobraram as boas lembranças. Graças à Deus!
ResponderExcluirMuito obrigado Amigo.eu mi Lembro de seus exemplos de vida Respeitando nossa pouca experiência de trabalho e osconcelhos,Aprendi a ouvir e ver o ser homano que Deus nos presenteou nos Emcomtros de casais ccristo e poder trabalhar ña mesma Empresa e apos dias meses e anos trabalhar com muito orgulho na sua própria empresa muito obrigado por ter esta pessoa maravilhosa sempre perto e poder compartilhar estes momentos de vida que eu nos estamos passando muito obrigado meu amigo adorei a sus mensagem fiquei emocionado pois eu sei o Quanto o seu coração é tudo isso e muito mais fikcDeus meu amigo saudades.né di toda sua família que Deus os abençoe, muito obrigado
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