A boca desdentada,
de pouca
farinha,
vida dura
como facada,
desdiz a
linha da mão.
Onde, entre tragadas,
previu a
cigana o futuro:
dinheiro,
saúde e mulher,
augúrio de
vida feliz.
Mas o gibão
surrado,
queimado de
sol,
não diz ser
esse homem
de mão
afortunada.
A linha da
cigana
que corria
reta na mão,
na vida se
mostrou
distante do
apregoado.
Mulher não
teve, não.
Dinheiro se
esfarelou.
E de tudo
dito da vida,
pedaço
escarrado sobrou.
Faltou colo
para dormir,
amor chamado
de seu.
Faltou o que
defender
que não
fosse o sobreviver.
Foi pau-mandado
para cobrar
e infligir.
Matar de
tocaia,
sem saber o
porvir.
Caído, com
bala no peito,
sangue
escorrendo,
lembra da cigana
que previa
na linha marcada
da mão.
no meio do
sertão,
por coisas
que não são suas,
por briga encomendada.
Agora, decerto,
o sol a pino,
os
pedregulhos da estrada,
o chão nu como
túmulo
e a poeira como
mortalha.
ahnao // mmaai
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