Estava eu em um Pronto Socorro para ser atendido, quando chegou um senhor acompanhado de uma jovem.
Ele deveria ter pouco mais de cinqüenta anos e ela cerca de vinte e cinco.
Ela estava de shortinho, camiseta e tênis. Havia caído da bicicleta e ralado a perna direita, que sangrava.
O senhor entrou agitado. Gritando que ela precisava de um rápido atendimento..
A atendente observou ser nada urgente e solicitou para aguardarem um pouco. Já seriam chamados.
Ele pavoneava em torno dela. Falava como se falasse a uma adolescente. E ela respondia como tal, como querendo se mostrar indefesa e que ele era o seu protetor.
Dois minutos de espera e ele principiou a reclamar em alto e bom tom, novamente.
Fui chamado, entrei para ser atendido.
Após conversar com o médico, fui colocado em uma poltrona e passei a receber soro.
Os dois entraram, logo após. Ela foi colocada em uma cama próxima para um enfermeiro fazer os curativos.
O celular tocou e ele atendeu:
- Oi amor. Estou em reunião. Creio que em uma hora, no máximo, em hora e meia termino. Quando eu sair te ligo. Beijos.
A jovem choramingou:
-Você vai ficar com aquela bruxa e eu vou ficar machucada, sozinha.
-Meu amor você sabe que eu não posso ficar contigo a noite toda. Mas, eu não vou te largar até estar tudo bem e te deixar em casa.
Aquela cena me lembrou personagens antigos, mas em tempos modernos.
As enfermeiras, falavam sorrateiramente, uma para as outras:
-Que pouca vergonha.
Os enfermeiros riam. Os médicos, por alguns terem aproximadamente a idade do senhor e quem sabe, também terem a suas protegidas, sorriam complacentemente.
Eles se foram. Pensei comigo. Antigamente comentava-se, a boca pequena, que alguém tinha montado casa para uma protegida. Toda a cidade sabia. Menos a esposa, ou esta se fazia de desentendida.
Continuando nos meus pensamentos, perguntei:
- Será que, como antigamente se dizia, a jovem do Pronto Socorro é teúda e manteúda ou somente manteúda?