3/07/21

O Furto


 


- Geralda você viu meu pingente, aquele que tem uma chapinha de ouro com uma pedra verde incrustada?

- Não Dona Amélia. Deve estar na sua caixa de joias. Lá eu nunca mexo.
- Não está já procurei e não acho. Desapareceu.
Geralda ajudou a procurar por todos os cantos do quarto, pelo chão, gavetas, entre almofadas de sofás, entre colchão. Por todos os cômodos da casa. Nos bolsos das roupas, bolsas, no carro. Por todo e qualquer lugar que fosse possível.
- A última vez que usei foi ontem, quando fui à tarde, tomar um café com Alzira, minha amiga de infância do Paraná, que estava de passagem por São Paulo.
- Dona Amélia a senhora pode ter perdido no lugar que esteve com ela.
- Não. Eu tenho certeza que voltei com ele. Inclusive já liguei para lá.
Amélia muito nervosa, acusou:
- Só pode ter acontecido uma coisa, você pegou!
- Pelo amor de Deus! A senhora me conhece. Trabalho há muito tempo para a família!
Quando Amélia casou, sua sogra propôs que Geralda, que lhe atendia há algum tempo, fosse trabalhar para eles.  Como ela iria se mudar para o interior Geralda precisaria de um novo emprego.
Ela era ótima no trato da casa, com a roupa e a comida. Fazia pratos que Paulo adorava.
Foi uma mão na roda. Geralda ficou feliz. Gostava muito do senhor Paulo.
Sua sogra ligava periodicamente e conversava com Geralda, pois lhe tinha estima e é claro saber do filho.
Apesar de trabalhar bem, Amélia não gostava dela. Acreditava que passava informações para a sogra de sua vida. Fato que nunca foi comprovado. Tinha fortes implicações com ela.
- Paulo a Geralda nos roubou!
- Como ??!!
- O pingente que você me deu, em meu último aniversário, desapareceu.
Explicou ter usado por última vez quando foi encontrar com sua amiga Alzira.
- Lembro você ter contado que passaram uma tarde maravilhosa, relembrando os fatos da infância e juventude.
- Já reviramos tudo. Vá a polícia e a denuncie para que procurem em sua casa.
- Amélia, ela é de confiança. Está com nossa família faz tempo. Vou conversar com ela.
Geralda chorosa disse a ele que não faria uma coisa dessa. Era honesta. Gostava do trabalho, tinha uma vida certinha. Não precisava fazer isso.
- Paulo é um absurdo você não denunciar essa mulher. Não quero que trabalhe mais para nós.
Tanto fez, que Paulo teve que manda-la embora. Com dor no coração, pagou o que devia e a mais, por acreditar ser uma injustiça o que estava fazendo.
Não havia como continuar com a enorme pressão que a mulher fazia. Foi substituída.
Dois dias após o ocorrido, foram convidados por Luís e Célia, seus grandes amigos para um jantar. Os maridos eram amigos desde a faculdade. Elas amicíssimas, confidentes. Almoços, jantares, finais de semanas, viagens, os filhos amigos em comum. Eram inseparáveis. Foi com ela que Amélia chorou o roubo da sua joia.
- Amélia e Paulo, fiz este jantar para amenizar o fato desagradável que ocorreu com o pingente roubado.
Espero, suavizar um pouco a frustração do que houve. Quem diria que a Geralda pudesse fazer o que fez.
- Quem diria?  - Confirmou Amélia.
Ao final do jantar. Célia deu a Amélia uma pequena caixa de presente lindamente embrulhada.
- Para compensar tua perda.
Qual a surpresa de todos, inclusive de Luís, com o presente de sua esposa para amiga, que ao abrir encontrou um pingente igual ao furtado.
- Célia você mandou fazer uma igual para mim?
Abraçou e beijou efusivamente a amiga, entre os risos de satisfação dos maridos.
- Amélia foi uma tristeza saber da tua perda, justo no dia em que você encontrou com Alzira, tua amiga de infância do Paraná. Aliás, nesse dia gostaria de ter ido contigo, mas o Luís teve que visitar clientes em Campinas e fiquei sem carro. Foi uma pena.
- Sim, foi mesmo. Gostaria que a conhecesse. Teria gostado dela.
Eram risos e sorrisos por todo lado.
- Como todos sabem - continuou Célia - o Luís é muito desleixado com o carro.
Todos riram e concordaram.
- Aproveitei e levei ontem para lavar. Qual a grande surpresa, quando da limpeza, encontraram teu pingente caído entre os bancos.
Olhares de surpresa e constrangimento.
- Não é uma maravilha? 



edam

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