Adoro propaganda pública, seja federal, estadual ou municipal.
Sempre que posso as gravo.
Quando estou desanimado coloco para vê-las.
É um povo bonito, feliz, com todos os dentes na boca. Os hospitais são lindos, limpos. As atendentes simpáticas. O atendimento é rápido. Equipamentos avançados, salas de cirurgia modernas. Boas ambulâncias. Entrega de remédio em casa.
O governo sempre nos dá mais e melhor. Ônibus, trem, metrô.
As estradas são ótimas, distribuídas por todo país. Nossa produção é escoada com eficiência graças aos nossos modernos portos e aeroportos.
Só se vêem no campo pessoas felizes trabalhando. Nas máquinas, nas colheitas, nos caminhões, tocando o gado. Gente saudável, bem vestida. Tudo isso graças ao apoio inconstante do governo.
Tem banco com o nosso nome. Os gerentes estão sempre com cara de querer dar dinheiro.
E as casas? São maravilhosas. Basta ver, que todos estão contentes nelas. Realizando o sonho de suas vidas. É um despertar de um novo mundo.
Nossas escolas são amplas, modernas. Aparelhadas com o que há de melhor. Professores sorridentes, simpáticos. Os alunos irradiam alegria.
E como nosso país é lindo. Nossos pontos turísticos, nossa praias são conservados, limpos e seguros. Não há marreteiros oferecendo algo a cada minuto ou alguém pedindo dinheiro.
Não temos favelas, palafitas, miséria, mendigos, insegurança, desemprego...
Adoro, também, discurso de político. Quando possível, os gravo.
Como eles são dedicados, despojados, desprendidos e abnegados.
Cuidam de nós. Pensam no nosso futuro, na melhora das nossas vidas.
Quando choram ou deixam uma lágrima escorrer no canto dos olhos é quando mais me emociono. Mostram o quanto são seres humanos como nós.
A imagem mais linda e tocante é vê-los com uma criança no colo. Deveriam sempre andar com uma criança no colo.
Beijam, abraçam, riem. Seja pobre, rico, povão, desdentado. Vestem o nosso boné, a nossa camiseta. Comem da nossa comida no bandejão, no boteco da esquina, na feira. Até buchada de bode comem. Contam piada. Gostam do que gostamos: mulher, cachaça e futebol.
Para que terapia? Para que medicamentos?
Quando estou deprimido, assisto a estas gravações, e me sinto novo, feliz de viver em um país como este.
Penso, quando tantos se dedicam por mim, buscam o meu melhor, não serei eu que vou deixar de fazer a minha parte.
Levanto das minhas dores e vou à luta do dia a dia reanimado. Quem sabe um dia eu apareça em um desses filmes: lindo, saudável, bem vestido, feliz e na casa da minha vida.

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